domingo, 1 de março de 2009

A desconstrução de uma Nação

A Desconstrução de uma Nação. (...)

Lembrando um passado ainda possivel de se lembrar, permanecem alguns exemplos de homens-estadistas patriotas, que no domínio politico realizaram milagres extraordinários e que nos deixaram este patrimônio que aí está graças ao esforço inteligente ligado às equações nacionais.
Pensando como brasileiros, agindo como brasileiros, sentindo como brasileiros, nada fazendo senão tendo em vista uma nacionalidade nascente.Guardo comigo, pelo que me ensinaram, algumas figuras que fizeram épocas na história , até hoje não substituídas pela grandeza dos feitos e da conduta pública.

Homens que tiveram o BRASIL na consciência, a nação no espírito, o sacrifício no trabalho, a HONESTIDADE NOS PROPÓSITOS, A RESPONSABILIDADE NAS DECISÕES.Homens que conheciam o dever e as leis, que sabiam a existência de um grande país constitucionalizado.
Relembro uns poucos nestes últimos dois séculos : CAXIAS, RIO BRANCO, RONDON, FLORIANO E VARGAS.
Embora tivessem desafetos, ou então adversários, nunca se deixaram influenciar pela ambição do poder político e nem se legaram uma obra de razão nacional, de coragem e força de vontade, de inteligência e de perseverança responsável.

De CAXIAS- recebemos uma nação unida num continente dividido.

De RIO BRANCO - recebemos nossas fronteiras bem demarcadas.

De RONDON - a expansão da nação pelo interior esquecido.

Com FLORIANO - tivemos a consolidação republicana.

Com VARGAS - a proteção dos humildes através de uma legislação social no momento bem concebida.

Todos eles marcam o seu lugar na história, como construtores de um país que tentava ser nação.Com eles a nação ficou bem formada na sua unidade, melhor formada na sua geografia, conhecida no seu interior, consolidada no regime político, aplainada nos direitos sociais. Pouco nos faltava para ingressar no mundo das potências. As crises eram pequenas e removíveis diante de soluções razoáveis. A vida social interna estava equilibrada, ainda embora houvessem resquícios de conduta discriminatória. (...)
Parece que vivíamos num país seguro pelo que havíamos recebido de uma história que invejava vizinhos. Nos respeitavam, nos admiravam, havia confiança no futuro.No momento próximo de novo século, é visível a existência de um processo político de desconstrução.(...)O importante é saber que estamos montando uma bomba social, a explodir logo adiante , nos próximos anos. Com uma nação combalida, sofrida de pressões internas e externas, tudo pode acontecer.

LAMENTÁVEL APENAS QUE OS QUE ENXERGAM FINGIREM DE CEGOS.

Vejo com apreensão alguns atos de demolição nos colúios contra o regime político, nas reformas deformantes, nas ameaças à federação, na parceria internacional, no entreguismo econômico ou nas relações de trabalho. Com as liquidações das empresas nacionais e a profunda agitação que existe no campo social, só podemos esperar por dias agitados ou por dias temperados pela violência rural e quem sabe urbana.
Não basta desconstruir pra reformar. Sem um plano de metas ou ação administrativa, a continuidade que é essencial nas instituições públicas, desaparece com o arrancar das raízes. Podemos continuar de novo sem sacrificar o que plantamos de sólido através de uma longa história de conquistas memoráveis. O simples desconstruir para reformar uma nação bem formada , é um crime contra ela própria.

Este texto é parte do artigo " A desconstrução de uma nação bem formada" de Manoel de Oliveira Franco Sobrinho publicado na Gazeta do Povo de 27/01/1992. - Professor emérito da Universidade Frederal do Paraná e professor honorário do Colégio Maior de Nossa Senhora do Rosário , de Bogotá Colômbia.

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