sexta-feira, 27 de março de 2009

Juiz de valor e coragem

Tarso nega que PF tenha dado conotação política à Operação Castelo de Areia

‘PF não faz acusações, mas investigação que pode virar denúncia’.
Ministro sugere que a polícia mudou a forma de agir.

Diego Abreu Do G1, em Brasília

O ministro da Justiça, Tarso Genro, afirmou nesta quinta-feira (26) que a Polícia Federal (PF) conduziu a Operação Castelo de Areia sem qualquer motivação política. Segundo ele, o papel da PF não é o de fazer acusações, mas investigações que depois podem resultar em denúncia apresentada pelo Ministério Público ao Poder Judiciário. A afirmação foi feita após ele ser questionado sobre a Operação Castelo de Areia, deflagrada nesta quarta (25), em São Paulo e no Rio de Janeiro, com o objetivo de combater crimes financeiros. A operação resultou na prisão de quatro diretores e duas secretárias da construtora Camargo Corrêa. Segundo a PF, foram expedidos dez mandados de prisão e 16 de busca e apreensão. Entre os crimes informados pela PF estão o de evasão de divisas, lavagem de dinheiro e fraude em licitações. “Se tem conotação política ou não quem vai dizer é a Justiça eleitoral. Não se faz vínculo com ideologia, programa de partido ou liderança política, a PF investiga fatos delituosos”, afirmou o ministro. “Às vezes, fatos delituosos determinam outro inquérito e aí transcende a questão de lavagem de dinheiro ou mobilização ilegal de dinheiro para financiamento de campanha. Portanto, quem está respondendo a alguma coisa neste momento, está respondendo de maneira precipitada”, completou Tarso, se referindo as declarações de membros de partidos de oposição ao governo Luiz Inácio Lula da Silva, que criticaram a investigação da PF. Em relação ao suposto envolvimento de partidos políticos com as irregularidades detectadas pela operação, o ministro destacou que a PF não fez qualquer acusação. “Não há nenhuma acusação da PF em relação a isso. O que há são dados que constam do inquérito que serão analisados pelo Ministério Público da Justiça eleitoral, como continuidade do trabalho que foi feito até agora, de mobilização ilegal de recursos”.
O juiz Fausto de Sanctis, da 6ª Vara Criminal Federal de São Paulo, revelou na quarta-feira que o relatório da PF mostra que no esquema investigado “constaria distribuição de dinheiro a diversos partidos, como PPS, PSB, PDT, DEM e PP”. Segundo ele, também são citados o PSDB e PS, este último não aparece na lista de partidos no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Mudança
Tarso Genro sugeriu que a Polícia Federal alterou sua forma de agir após a constatação de equívocos cometidos durante a Operação Satiagraha, deflagrada em julho do ano passado, quando os investigados teriam sido muito expostos. “Na forma como foi feita essa operação está rigorosamente dentro dos padrões que determinamos, sem humilhação, permitindo que as pessoas escondam seu rosto para que não haja um adiantamento de pena que é a exposição pública. É um inquérito rigoroso, legal, profundo e tecnicamente perfeito que terá conseqüências”, garantiu.

Nenhum comentário: