terça-feira, 31 de março de 2009

Terra de ninguém

Cerca de US$ 23 bi desapareceram do Iraque após guerra

Jane Corbin - Da BBC em Londres


Para parlamentar dos EUA, dinheiro foi desperdiçado no Iraque

Uma investigação da BBC aponta que uma quantia estimada em US$ 23 bilhões foi perdida, roubada ou simplesmente deixou de ser registrada no Iraque.

Pela primeira vez, o tamanho dos lucros de empreiteiros privados conseguidos com o conflito e a reconstrução do país foram pesquisados, a partir de fontes dos governos dos Estados Unidos e do Iraque, pelo programa de televisão Panorama, exibido pela BBC na Grã-Bretanha.
Uma ordem judicial nos Estados Unidos proíbe a discussão das alegações. A ordem se aplica a 70 casos judiciais contra algumas das maiores companhias americanas.
A oposição democrata americana continua pressionando o governo a respeito dos lucros conseguidos no Iraque.
"O dinheiro que foi desperdiçado, que fez parte de fraudes ou abusos sob estes contratos, é escandaloso, é chocante", diz Henry Waxman, presidente do Comitê de Vigilância e Reforma Governamental da Câmara dos Representantes dos Estados Unidos. "Pode ser o maior lucro com guerra da história."

Concorrência
Enquanto George W. Bush permanecer na Presidência americana é improvável que a ordem judicial que proíbe as discussões seja suspensa.
Até o momento, nenhum grande empreiteiro americano enfrenta julgamento por fraude ou má administração no Iraque.
Antes da invasão do país, uma das mais importantes autoridades responsáveis pelas aquisições do Pentágono levantou objeções a um contrato de valor potencial estimado em US$ 7 bilhões dado à Halliburton, companhia texana que era liderada por Dick Cheney antes de ele assumir o cargo de vice-presidente americano.
Diferente do que normalmente ocorre, apenas a Halliburton disputou e venceu a concorrência.
Desvio
Para o juiz Radhi Al-Radhi, corruptos são 'criminosos'
A busca pelos bilhões desaparecidos também levou a reportagem da BBC a uma casa em Acton, no oeste de Londres, onde Hazem Shalaan viveu até ser indicado para o cargo de ministro da Defesa pelo novo governo iraquiano em 2004.
Shalaan e seus associados são acusados de desviar cerca de US$ 1,2 bilhão do ministério.
Eles teriam comprado equipamentos militares antigos da Polônia e alegado que eram equipamentos de última geração, com o objetivo de desviar o dinheiro para suas próprias contas.
Shalaan foi condenado a duas penas de prisão, mas fugiu do Iraque. Ele afirmou que é inocente e que as acusações fazem parte de um plano contra ele de parlamentares iraquianos que são pró-Irã.
Existe uma ordem de prisão para Shalaan, da Interpol, mas ele permanece fugindo pelo mundo a bordo de um jato particular.
Shalaan ainda é proprietário de imóveis comerciais na área de Marble Arch, uma região cara de Londres.
O juiz Radhi Al-Radhi, da Comissão para Integridade Pública do Iraque, investigou o caso. "Creio que estas pessoas são criminosas", disse à BBC.
"Eles não reconstruíram o Ministério da Defesa e, como resultado, a violência e derramamento de sangue continuaram", acrescentou. "O assassinato de iraquianos e estrangeiros continua, e eles têm responsabilidade", acrescentou.

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