Bruno Garcez
Da BBC Brasil em Washington
Soldados americanos fazem operações conjuntas com forças afegãs
O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, anunciou nesta sexta-feira uma nova estratégia para o Afeganistão que inclui o envio de mais quatro mil soldados ao país, além dos 17 mil que já seriam enviados para atuar em território afegão ainda em 2009.
Os Estados Unidos já têm 38 mil soldados no país asiático. Além do reforço no contingente americano, o plano prevê uma intensificação no treinamento de militares e policiais do Afeganistão e do Paquistão para combater extremistas islâmicos.
Obama também anunciou mais investimentos em obras de infraestrutura - como hospitais e estradas - nos dois países, em áreas carentes que vêm sendo procuradas por militantes radicais para o recrutamento de jovens.
De acordo com o líder dos Estados Unidos, a situação no Afeganistão é ''cada vez mais perigosa'' e objetivo final americano é o de derrotar a rede extremista Al-Qaeda no Afeganistão e no Paquistão e impedir o retorno da milícia Talebã, que controlou a maior parte do território afegão até a invasão do país por tropas comandadas pelos Estados Unidos, em 2001.
Segundo Obama, ''a Al-Qaeda e seus aliados, os terroristas que planejaram e apoiaram os atentados de 11 de setembro estão no Paquistão e no Afeganistão''.
Poder paralelo
A nova estratégia militar americana tem como um de seus objetivos coibir o crescente poder paralelo exercido pelo Talebã e pela Al-Qaeda na zona fronteiriça entre Paquistão e Afeganistão.
Trata-se de uma região de terreno montanhoso e dominada por grupos tribais, onde os governos dos dois países têm pouca influência.
Os Estados Unidos temem que a região sirva de base para o lançamento de novos ataques contra os americanos e seus aliados.
Se o governo afegão cair novamente sob controle do Talebã, ou permitir que a Al-Qaeda não seja confrontada, aquele país novamente servirá como base para terroristas que querem matar quantas pessoas conseguirem.
Barack Obama
Outro objetivo é tornar o Afeganistão mais estável para as eleições gerais afegãs, previstas para agosto deste ano.
Nas palavras de Obama, ''se o governo afegão cair novamente sob controle do Talebã, ou permitir que a Al-Qaeda não seja confrontada, aquele país novamente servirá como base para terroristas que querem matar quantas pessoas conseguirem''.
Como parte do plano, os Estados Unidos também esperam contrapartidas por parte de afegãos e paquistaneses.
Obama disse que afegãos devem fazer mais para conter o avanço do cultivo de drogas no país e procurar coibir a corrupção no governo.
Do Paquistão, os americanos buscam uma intensificação da repressão ao Talebã, que, de acordo com analistas, contaria com simpatizantes dentro da administração do país.
Futuro interligado
Segundo Barack Obama, o futuro do Afeganistão está ''inexoravelmente ligado ao de seu vizinho, o Paquistão'' e, por isso, salientou que a nova estratégia americana visará também criar oportunidades econômicas na fronteira entre as duas nações.
Segundo Obama, a Al-Qaeda representa para o Paquistão ''um câncer que poderá corroer o país por dentro'' e que já custou a vida de milhares de cidadãos paquistaneses, entre eles soldados, policiais e a ex-primeira-ministra, Benazir Bhutto.
Só no Paquistão, a proposta americana é de investir US$ 1,5 bilhão em obras de infraestrutura.
Para o povo do Afeganistão, disse Obama, um retorno da milícia Talebã condenaria a nação a ''um governo brutal, isolamento internacional, uma economia paralisada e a negação de direitos humanos básicos para o povo afegão, especialmente mulheres e meninas''.
A estratégia americana também visa ampliar esforços diplomáticos na região e o estabelecimento de fóruns regionais de cooperação nas áreas econômica e de segurança.
Além da ampliação da presença militar, os Estados Unidos também visam aumentar a presença de servidores civis no país, entre eles, como salientou Obama, advogados, engenheiros e médicos.
Para isso, o governo americano espera contar com apoio da comunidade internacional e de fóruns internacionais como o FMI e o Banco Mundial.
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