Plano de investimento da Petrobras destrói valor, diz Fator
Valor projetado para as ações só será maior que o atual se estatal conseguir renegociar contratos ou se o petróleo subir, segundo a corretora
Portal EXAME
Após dispararem com a descoberta de grandes reservas de petróleo no pré-sal, as ações da Petrobras podem fazer o caminho inverso nos próximos anos, enquanto a estatal implanta os investimentos programados até 2013. O plano da estatal para o período de 2009 a 2013 envolve desembolsos de 174,4 bilhões de dólares, 55% superior ao previsto entre 2008 e 2012. Segundo a corretora Fator, a maioria dos projetos é de longa maturação, e o atual fluxo de caixa da companhia vai financiar a expansão. "com base em nossas premissas, o plano de investimentos proposto destrói valor para o acionista", afirma relatório do Fator assinado pelos analistas Lika Takahashi, Rodrigo Blanco Fernandes e Hering Shen.
Os analistas estimam que o preço-alvo das ações preferenciais da companhia (PETR4, sem direito a voto) é de 24,61 reais por ação para dezembro deste ano. Isso representa um potencial de queda de 6,43% em relação aos 26,30 reais com que os papéis encerraram o pregão de 19 de fevereiro - a referência do relatório. Apesar da perspectiva de queda, a corretora continua a recomendar a manutenção dos papéis na carteira de investimentos.
Para projetar o preço das ações, o Fator adotou, como premissa, que o preço do petróleo se estabilize no futuro em 50 dólares por barril. Para que o preço justo dos papéis fosse igual ao seu valor corrente, a corretora estima que o petróleo deveria se manter em 86 dólares. Em outra simulação, o Fator adotou as expectativas de preços divulgadas pela Petrobras - preço médio de 66 dólares por barril entre 2009 e 2015, e de 60 dólares para depois. Mesmo assim, para que o valor justo das ações empatasse com o atual, seria necessário que o barril subisse para 78 dólares na fase pós 2015.
Outro dado utilizado pelo Fator para é uma taxa de 16% ao ano para o desconto do fluxo de caixa projetado. Essa taxa equivale, em linhas gerais, ao custo médio de capital da empresa, composto pelo custo dos financiamentos e pela remuneração esperada pelos acionistas.
Contenção de custos
Para calcular o preço-alvo de uma ação, os analistas preocupam-se com dois itens: a geração de receitas da empresa e os seus custos. Por isso, uma forma de aumentar o preço justo dos papéis é esperar um valor mais alto para o petróleo. Outro modo é reduzir ao máximo as despesas. "A outra opção da empresa seria reduzir os custos dos projetos, cujos orçamentos foram fechados/atualizados em período de alto preço de petróleo e matérias-primas, e forte concorrência no setor de serviços. A empresa deve estar empenhada em revisar projetos, porém não há metas divulgadas para tanto", afirma o Fator.
A corretora observa que o comportamento das ações ainda não reflete o quadro traçado de menor geração de caixa e pesados investimentos nos próximos anos. O Fator atribui parte da forte alta dos papéis, nos últimos dois meses, à migração dos investidores globais da Rússia e do Leste Europeu para o Brasil.
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
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