Produção industrial do Japão tem queda recorde de 10%
Ewerthon Tobace
De Tóquio para a BBC Brasil
Japão também registrou queda nas exportações
A produção industrial do Japão teve queda recorde de 10% no mês de janeiro em comparação ao mês anterior - a maior queda de mês a mês já registrada no país desde 1953.
Segundo informou nesta sexta-feira o Ministério da Economia, Comércio e Indústria, este foi o terceiro mês consecutivo de queda.
O recorde até então era a queda de 9,8%, registrada em dezembro do ano passado.
O governo apontou a redução nas exportações e no consumo interno como os principais motivos para a queda. Ao todo, 16 setores pesquisados tiveram cortes de produção.
O setor de componentes eletrônicos sofreu contração de 21,8% e o de equipamentos para transporte reduziu a produção em 17,3%.
O governo fez uma projeção para os próximos meses e disse que o recuo será menor. Ele calcula uma queda de 8,4% para fevereiro e 2,8% para março.
No entanto, Hideki Matsumura, analista sênior do Instituto de Pesquisas do Japão, disse à BBC Brasil que a redução na produção também deve ficar por volta dos 10% em fevereiro.
No acumulado do primeiro trimestre, o economista prevê uma queda de 22% na produção industrial em relação ao último trimestre de 2008. "E em março, o nível de produção vai ser 40% menor em relação ao mesmo mês do ano passado", afirma. "Essas estatísticas são péssimas", lamenta.
Mas Matsumura acredita numa recuperação da indústria japonesa a partir de março. "A produção industrial deverá ter uma ligeira recuperação no segundo trimestre deste ano", diz o especialista. "Porém, por causa da valorização do iene, as exportações não vão se recuperar este ano", prevê.
Exportações e consmuo
O índice de exportações da indústria, também divulgado nesta semana, apresentou queda recorde com contração de 11,4% em janeiro em relação ao mês anterior.
A redução das exportações fez com que o país apresentasse um déficit comercial de 952,6 bilhões de ienes (US$ 9,9 bilhões) em janeiro, o mais alto desde que os dados começaram a ser registrados.
O Japão é hoje muito mais dependente das exportações do que na década passada, e esses dados atestam a gravidade da recessão que atingiu a segunda maior economia do mundo.
Como era de se esperar, os japoneses também estão gastando menos. Outro relatório divulgado nesta sexta-feira diz que houve uma queda de 5,9% nos gastos domésticos em janeiro em comparação há um ano atrás. Segundo o Ministério da Comunicação e de Assuntos Internos do Japão, o gasto médio das famílias japonesas em janeiro foi de 291.440 ienes (US$ 2.959).
Essa redução é a maior desde que o Japão anunciou estar em recessão, em novembro do ano passado. Transporte e comunicação foram os itens que tiveram a maior queda no consumo, chegando a 15% menos em relação a janeiro de 2008.
Desemprego menor
Apesar das perdas na indústria, nas exportações e no consumo, o desemprego caiu. A taxa de desemprego em janeiro, revelada nesta sexta-feria, foi de 4,1%, menor que a de dezembro, que ficou em 4,3%.
Economistas previam para o começo de 2009 um índice em torno de 4,6%.
Segundo o governo, a ligeira queda ocorreu por causa do aumento do número e donas de casas que começaram a trabalhar meio período para complementar a renda familiar.
Os números, no entanto, continuam altos em comparação há um ano.
Até o final de dezembro de 2008 havia no país 2,77 milhões de pessoas desempregadas, um aumento de 8,2% em relação a 2007.
sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009
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