Texto:Monja Coen (Budista)
"Todos os anos o Imperador do Japão escolhe uma palavra para que se façam poemas. Este ano o tema de poesia nacional é o amor.
Que doce pai é o imperador. Ele leva toda a população a refletir sobre o amor. O amor que fez sua filha renunciar ao título de princesa e se mudar do palácio imperial para um condomínio fechado. A princesa que virou plebéia. As histórias infantis sempre foram o inverso. A jovem pobrezinha, maltratada e maltrapilha, que encontra o príncipe encantado e se torna uma rainha. No caso da ex-princesa o seu marido plebeu não se torna aristocrata. Ela abandona as mordomias palacianas, enquanto seu irmão, que também se casou com uma plebéia, não perdeu o título nem abandonou coisa alguma.
Mas, que coisa fascinante. O Imperador não tem nenhum neto varão. Netas e mais netas. Apenas mulheres e por isso estão estudando mudanças nas regras e procedimentos, pois o futuro aponta para a possibilidade de uma Imperatriz. Não será a primeira nem a última. Quantas teriam sido as imperatrizes na terra do sol nascente?
Nasce o sol de um novo ano.
Ano Novo e eu me lembrando dessa coisa velha e antiga de discriminar mulheres. Poderia ficar lá, no ano velho, como notícia antiga, história do que era, do que já não poderá ser mais, do que passou e ensinou a ser diferente.
Que neste ano as mulheres possam se casar com quem quiser sem perder seu posto, seu emprego, seu título, seu segredo. Que possam ser felizes em plenitude, na integridade do ser.
Minha esperança. Esperança, como escreve o novo Aurélio século XX (dicionário): “ato de esperar o que se deseja”. Qual é sua ação? Esperança. Verde esperança da bandeira do Brasil. Verde das matas que se renovam em folhas brilhantes no verão úmido.
Nas cerimônias budistas de Ano Novo invocamos a Grande Sabedoria Suprema. Que haja sabedoria em cada um de nós, nos dirigentes de nossa cidade, estado, nação. Nas lideranças nacionais e internacionais.
Que as divindades celestiais protetoras de nossa terra e de nossa gente, por favor, nos protejam e nos auxiliem, fazendo com que nossos votos e aspirações mais profundas se realizem.
Como é difícil fazer um voto, escolher um pedido entre tantas necessidades e vontades.
É preciso perceber quais as necessidades verdadeiras e quais as vontades pequenas e passageiras. Não é fácil. Precisa-se de água, precisa-se de pão, precisa-se de terra, de transparente correteza, de singela pureza.
Depois das preces e invocações oferecemos aos participantes três pedaços de papel com escritas japonesas.
O primeiro papel deve ser colocado do lado de fora da casa e neste está escrito em solenes caracteres negros ilegíveis a quem não conhece kanji: ”levanta primavera grandes congratulações”.
O Ano Novo marcava o início da primavera. A vida que renasce nos troncos retorcidos e secos pelo frio. Quase todas as formas de vida ficam hibernadas, a vegetação parece ter secado, ou morrido. De repente, um pequeno botão, uma folhinha fina e delicada – grandes congratulações, alegrias. É a esperança da vida que vindo vem e virá.
Assim, na passagem do ano nos renovamos. Renovamos a esperança da expectativa, da espera, da fé, da confiança em conseguir o que se deseja, o que possa ser melhor para o maior número de seres. Alguns pedem para si, para sua família. Peço para mim pedindo para a família humana. Pedir pela família humana é pedir pela vida da Terra. Nossa mãe, nossa casa comum, nossa vida, tão descuidada, maltratada. Nossos irmãos e irmãs sem direito à própria terra, à água e ao ar. E é nosso direito de nascença respirar, comer, beber, plantar, colher, cultivar o bem, compartilhar e alegrar-se - viver harmoniosamente com tudo que é, foi e será.
Ano Novo é celebração. Mesmo em meio às batalhas sangrentas daqueles que ainda não são capazes do amor, há manifestações supremas da amorosidade maior. Amorosidadeque surge nas formas de vida capazes de se religar ao uno que tudo une e estar de esperanças, estar grávidos dessa antiga e nova tribo, que renasce estabelecendo a paz através de ações, pensamentos e palavras de paz, estabelecendo a justiça que não se ilude pelas aparências – cega aos valores mundanos – e assim transforma o social injusto, estabelecendo a harmonia nos relacionamentos internos, pessoais, externos, coletivos e a compaixão ativa capaz de incluir e sentir, compartilhar alegrias e dores, agindo para transmutar ódios e rancores em compreensão profunda, ação solidária.
Feliz ano Buda de 2575, ano Cristo de 2009 e todos os outros números de outras contagens nessa incontável solenidade da Vida."
Aos amigos,leitotres e,colaboradores,que este ano que se inicia,seja o ano das suas realizações,se não todas,àquelas que os façam felizes.Esqueça a soberba,absorva a humildade,olhe ao próximo,tenha mais tolerância,abra um sorriso;desta forma não consertaremos o mundo,mas melhoramos ele e, a nós mesmos
Feliz ANO NOVO,são os votos do BlogTudo
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