sábado, 31 de janeiro de 2009

Iraque vai às urnas

Iraque vai às urnas sob forte esquema de segurança

Veículos militares patrulham as ruas de Basra nesta sexta-feira
Os iraquianos vão às urnas neste sábado para eleger os representantes dos conselhos de 14 das 18 províncias do país.
Esta é a primeira eleição de âmbito nacional em quatro anos e pode representar um marco significativo na tortuosa recuperação do Iraque após os anos de turbulência e desintegração que se seguiram à invasão norte-americana, em 2003.
Espera-se que cerca de 15 milhões de iraquianos compareçam às urnas para votar nos mais de 14 mil candidatos às 440 cadeiras em disputa nos conselhos provinciais.
Estes conselhos são responsáveis por nomear os governadores das províncias, que são os responsáveis por fiscalizar as finanças e projetos de reconstrução.
As eleições deste sábado também estão sendo encaradas como um teste para as próximas eleições gerais, marcadas para o final deste ano, e como uma espécie de referendo a respeito da liderança do primeiro-ministro, Nouri Al-Maliki.
“Enquanto as eleições de janeiro de 2005 colocaram o país no caminho de uma guerra civil, estas eleições (de 2009) podem representar uma outra mudança, muito mais pacífica”, diz um relatório do International Crisis Group, um instituto que pesquisa conflitos ao redor do mundo.
Se tudo transcorrer bem, o pleito deste sábado também pode representar um sinal de estabilidade política que irá favorecer a redução da presença de tropas americanas no país.
Segurança
Mesmo com a redução significativa nos níveis de violência no último ano, as eleições deste sábado acontecem em meio a temores de conflitos e atentados.
Nos últimos dias, três candidatos sunitas foram mortos em Bagdá, Mosul e na província de Diyala.
Autoridades americanas e iraquianas alertaram também para a possibilidade de a Al-Qaeda no Iraque e outros grupos extremistas sunitas tentarem empreender ataques contra zonas eleitorais.
A segurança foi reforçada e centenas de policiais guardarão os locais de voto.
Carros foram banidos de regiões de Bagdá e outras grandes cidades para reduzir o risco de atentados a bomba.
As fronteiras internacionais do país também foram fechadas, o tráfego aéreo interrompido e foram declarados toques de recolher em algumas regiões.
O pleito está sendo organizado pelas Nações Unidas e pela Comissão Eleitoral Independente do Iraque.
Cerca de 800 observadores internacionais vão fiscalizar a realização das eleições.
Nacionalismo
Desta vez, espera-se um amplo comparecimento às urnas de eleitores da minoria sunita, que, em grande parte, boicotaram as eleições de 2005.
“Nós perdemos muito por não termos votado e vimos o resultado, a violência sectária”, disse à BBC o eleitor sunita Khaled Al-Azemi.
“É por isso que queremos votar agora, para evitar os erros do passado”, completou.
Segundo o repórter da BBC em Bagdá, Jim Muir, nas áreas sunitas, onde antes grupos insurgentes tinham o controle e as eleições anteriores foram virtualmente impossíveis de serem realizadas, desta vez, os candidatos continuam na disputa e há a expectativa de um grande comparecimento às urnas.
Muir ainda afirma que, se o pleito ocorrer sem maiores problemas, ele representará uma derrota para os grupos insurgentes sunitas.
Tanto do lado sunita quanto entre os xiitas, as grandes alianças religiosas que dominaram a política iraquiana nos últimos quatro anos encontram-se fragmentadas.
Pesquisas de opinião também sugerem uma transferência da preferência dos eleitores de candidatos de orientação religiosa para outros de tendência nacionalista.
Segundo Muir, a mudança acontece por causa da desilusão dos eleitores com os partidos religiosos que, nos últimos quatro anos, passaram uma imagem de corrupção e incompetência.

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