quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Palestinos reconstroem túneis


Jornal do Brasil

GAZA - Palestinos voltaram ontem a trabalhar no reparo dos túneis de contrabando no corredor Philadelphi entre Egito e Faixa de Gaza horas depois de Israel ter voltado a bombardear os caminhos, visando a destruí-los pouco antes do amanhecer. Muitas dessas estruturas clandestinas contam com sistemas sofisticados e parecem ter resistido às três semanas de bombardeios israelenses.
Tel Aviv alega que a rede subterrânea sob a fronteira é usada pelo grupo islâmico Hamas para se abastecer de armas. Por causa do bloqueio israelense, os túneis servem também para o tráfego de alimentos e outros produtos, tornando-se essenciais para os 1,5 milhão de habitantes da região.
– Eles jogaram duas ou três bombas. Mas todo mundo ainda está trabalhando – disse um escavador que se identificou com o apelido de Abu Ali e disse ter 30 anos.
Enquanto os palestinos e suas volumosas escavadeiras amarelo-berrante trabalham na região que separa a Faixa de Gaza da península do Sinai, no Egito, guardas egípcios assistem a tudo a apenas 50 metros de distância.
Em meio ao clima pré-eleitoral que toma conta de Israel, a situação continua tensa em Gaza e os políticos israelenses ameaçam apoiar retaliações por ataques palestinos contra soldados ou cidadãos do país.
Negociações
O emissário especial dos EUA, George Mitchell, chegou ontem pela manhã em Israel, onde se reuniu com o premier israelense, Ehud Olmert para discutir a situação na Faixa de Gaza e tentar reavivar esforços para um cessar-fogo permanente.
– O primeiro-ministro e eu discutimos a importância de consolidar o cessar-fogo incluindo o fim das hostilidades, o fim do contrabando e a reabertura das passagens – disse Mitchell.
Segundo o jornal israelense Haaretz, o premier afirmou ao emissário que a estabilidade do atual cessar-fogo em Gaza será determinada por dois parâmetros: o fim dos ataques com foguetes contra o território israelense e do contrabando de armas em Gaza.
O premier disse ainda que as passagens de fronteira com Gaza só ficarão abertas de forma permanente após a libertação do sargento Gilad Shalit, capturado por militantes palestinos em junho de 2006.
Em resposta, o líder exilado do Hamas Khaled Mashaal chamou de “inaceitáveis” os termos israelenses e disse que o grupo não aceitará a libertação de Shalit como condição para Israel abrir as passagens de fronteira.
Mashaal reiterou que o Hamas insiste em que os milhares de palestinos em prisões israelenses sejam libertados em troca de Shalit, que já se tornou símbolo do confronto.
Na última madrugada, a força aérea israelense voltou a bombardear a fronteira entre Gaza e o Egito, depois que uma bomba matou um soldado israelense e feriu pelo menos outros três.
Hamas oferece pouco dinheiro às vítimas
Chefiado pelo primeiro-ministro Ismail Haniyeh, que está escondido desde o início dos bombardeios, o governo do Hamas começou a dar dinheiro a cidadãos de Gaza que perderam suas casas e famílias no conflito, mas o montante é menor do que o inicialmente prometido.
Apesar do sentimento de solidariedade entre os moradores de Gaza diante da adversidade, a devastação fez grande parte da população questionar as táticas dos líderes islâmicos nos últimos anos de desafiar seus vizinhos israelenses com mísseis ineficazes.
Os conflitos deixaram 1.300 palestinos mortos, incluindo 100 civis, e destruiu casas e túneis na fronteira com o Egito.
Ameaça
Um vídeo recém-lançado pela União Jihad Islâmica – um grupo de militantes que apóia o Hamas – ameaça forças alemães no Afeganistão com “alguns presentes surpresa” preparados especialmente para as forças de ocupação.
Trata-se apenas da última versão de uma série de vídeos protagonizados por jihadistas fluentes em alemão que são membros dos grupos Jihad Islâmica, Al Qaeda, Movimento Isâmico do Uzbequistão,
e talibã.
Nas últimas semanas, diversos vídeos ameaçam retaliação pelo conflito em Gaza e responsabilizam países europeus e os EUA assim como Israel pelas perdas.

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