quarta-feira, 22 de abril de 2009

Passando a limpo

Obama não descarta julgamentos por interrogatórios violentos

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deixou aberta, nesta terça-feira, a possibilidade de se processar oficiais que autorizaram o uso de técnicas de interrogatório consideradas abusivas contra supostos extremistas.
Obama, no entanto, afirmou que a decisão de se processar ou não estas autoridades cabe ao procurador-geral dos EUA, Eric Holder.
O presidente também reiterou que a legislação antitortura dos EUA não será usada contra agentes da CIA (Agência Central de Inteligência dos EUA) que usaram as controversas técnicas depois que elas foram autorizadas pelo governo Bush.
"Sobre aqueles que participaram destas operações de acordo com as opiniões legais e diretrizes que partiram da Casa Branca, acho que não é apropriado que eles sejam processados".
"Já a respeito daqueles que formularam estas decisões legais, eu diria que será mais uma decisão (de processá-los ou não) do procurador-geral, dentro dos parâmetros de várias leis. Eu não quero prejulgar", afirmou Obama.
As declarações foram feitas em meio a uma grande polêmica causada pela divulgação de memorandos que detalham os métodos de interrogatório usados pela CIA contra supostos extremistas durante o governo de George W. Bush.
Mudança de tom
Segundo o correspondente da BBC em Washington, James Coomarasamy, os comentários do presidente nesta terça-feira marcam uma mudança de tom do governo, em meio a uma crescente pressão por parte de membros do Partido Democrata para que ele não descarte potenciais ações penais.
Obama também afirmou que poderia apoiar uma investigação do Congresso sobre o tema, desde que ela fosse conduzida pelos partidos Republicano e Democrata.
"Se existir a necessidade de mais considerações a respeito do que aconteceu durante este período, acho que o Congresso pode examinar os meios de como isto pode ser feito, de modo bipartidário. (...) Não estou sugerindo que isto deve ser feito, mas existe a escolha".
"Muito complicado"
Durante a entrevista, Obama ainda afirmou que a questão dos interrogatórios violentos envolve "temas muito complicados".
Segundo ele, uma investigação só poderia ser aceita "fora do processo típico de audiências" e conduzida "por participantes independentes".
"De maneira geral, eu acho que deveríamos olhar para frente, e não para trás. Eu realmente me preocupo com a possibilidade de isto se tornar tão politizado que não poderá funcionar de maneira efetiva, atrasando nossa capacidade de cumprir operações de segurança nacional importantes".
Técnicas de interrogatório
Os memorandos, divulgados na semana passada, revelam que a técnica conhecida como "waterboarding" - que consiste na simulação de afogamentos - foi usada 266 vezes contra dois suspeitos de pertencerem à rede extremista Al-Qaeda.
Entre os outros métodos de interrogatórios mencionados nos documentos estão a privação de sono, a nudez forçada e o uso de posições dolorosas.
Em uma entrevista à rede de TV Fox News na segunda-feira, o ex-vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, afirmou que estes métodos produziram resultados.
Ele pediu ainda que sejam divulgados memorandos que mostrem o que estas técnicas de interrogatório puderam revelar.


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