quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Yasser Arafat - O lider do Estado Palestino

Luta pelo Estado palestino

Desde a época em que vivia na clandestinidade e planejava atentados terroristas contra Israel até seu retorno do exílio na Tunísia, em 1994, Yasser Arafat nunca deixou de lutar por um Estado palestino independente. Ele esteve no comando das negociações por mais de 40 anos, porém, no final, sem tanto apoio popular como no início. Nos últimos anos, algumas autoridades palestinas diziam que Arafat estava enfrentando o maior desafio de sua vida e um teste definitivo para sua credibilidade. Muitos o viam como um líder sem autoridade junto aos grupos mais radicais e sem capacidade de negociação.
O líder palestino dizia ser natural de Jerusalém, mas há registros de seu nascimento no Cairo, Egito, em 1929. De 1952 a 1956, estudou engenharia na Universidade do Cairo, onde se tornou presidente da União dos Estudantes Palestinos. Sua carreira como líder da causa palestina começou em 1956, quando ele foi para o Kuwait, onde fundou o grupo Fatah, que prega a luta armada como solução para a região. Oito anos depois, Arafat tornou-se presidente da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), em Jerusalém.
Em 1970, instalou o quartel-general da OLP em Beirute, no Líbano, mas quando Israel invadiu o país, em 1982, Arafat foi obrigado a mudar-se para o exílio na Tunísia. Foi nessa época que ele mudou de estratégia e passou a ser mais diplomático e moderado, como uma forma de poder continuar a luta pela criação do Estado Palestino. Dono de personalidade impetuosa, Arafat deu várias provas de coragem pessoal. Certa vez, ele mesmo enumerou quarenta tentativas de assassinato das quais escapou. Muitas delas, segundo ele, planejadas e comandadas por Ariel Sharon, então já comandante do exército israelense.
Um acordo histórico - No plano da política externa, o velho líder palestino usou estratégias discutíveis em vários momentos. Seu grande erro foi cometido no começo em 1991, quando apoiou o líder iraquiano Saddam Hussein na Guerra do Golfo. A decisão atingiu em cheio a OLP, que começou a perder credibilidade internacional e fontes de renda. A entidade, na época dirigida por Arafat, era financiada por governos de países árabes que se opuseram ao expansionismo do ditador iraquiano. Na década de 90, Arafat adotou posições mais moderadas, proclamou a formação de um Estado palestino independente, e reconheceu a existência de Israel. Em 1993, assinou com o primeiro-ministro de Israel, Yitzhak Rabin, um acordo de paz em que os dois lados prometiam conviver em paz. No ano seguinte dividiu o Prêmio Nobel da Paz com Rabin e o chanceler israelense Shimon Peres. O acordo possibilitou seu retorno aos territórios palestinos ocupados por Israel na condição de presidente da Autoridade Nacional Palestina (ANP). Nos anos seguintes, ele conseguiu, aos poucos, assumir o controle de cerca de 40% da Cisjordânia e de praticamente toda a Faixa de Gaza.
Em 1998, Arafat assinou um novo acordo de paz com Israel, que previa a retirada de tropas israelenses da Cisjordânia, entre outras medidas, mas seu primeiro encontro de trabalho com o então premiê israelense, Ehud Barak, terminou em desacordo. Em setembro de 2000, com o início da nova Intifada, o processo de paz e a ANP começaram a deteriorar. Arafat perdeu o controle sobre ações de grupos extremistas e começou a ser questionado pelas lideranças da região. No segundo semestre de 2002, foi forçado pela comunidade internacional a promover reformas na ANP e chegou a convocar eleições para possivelmente deixar o poder, mas voltou atrás e a votação emperrou ao ser vinculada a um recuo das tropas de Israel.
Morte misteriosa - Arafat morreu no dia 11 de novembro de 2004, no hospital militar Percy, nos arredores de Paris, em decorrência de uma falência múltipla nos órgãos. Ele estava internado na França desde o dia 29 de outubro, depois que sua saúde piorou subitamente. A resistência em liberar informações sobre o estado de saúde do líder palestino enquanto ele esteve internado, assim como após sua morte, gerou inúmeras especulações. Uma delas era sobre a possibilidade de Arafat ter sido envenenado. O conteúdo do dossiê médico de Arafat não foi divulgado publicamente, mas de acordo com seu sobrinho, Nasser al Kidwa - que obteve uma cópia do documento- , os boletins não informam a causa específica da morte, revelando apenas que nenhum vestígio de veneno foi encontrado no organismo de Arafat.

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