terça-feira, 30 de dezembro de 2008

Uma única essência

Nazismo e Comunismo: Os Cavaleiros do Apocalipse disseram ‘Amém’!

Por: Pedro Ravazzano

O nazismo e o comunismo, diferentemente do que muitos pensam, tem uma mesma força propulsora, ambos os regimes são ateus, socialistas, dialéticos e totalitários. Tanto os nacional-socialistas, quanto os bolcheviques, acreditavam numa força revolucionária, numa redenção social através das ações políticas, no surgimento do Novo Homem livre dos grilhões da opressão impostos pela burguesia. Não concordavam com a natureza do jeito que ela era; ambos teriam a missão de recriar a figura do homem, moldá-la para instituir uma sociedade próspera e justa. Além do mais, tanto alemães e soviéticos, defendiam a estatização de toda a produção, o controle econômico, a restrição das liberdades individuais em nome de um bem maior.
No caso dos nazistas a burguesia era essencialmente identificada com o povo judaico; a luta de classes se tornara luta de raças na Alemanha. Um ponto importante a ser explicado é a noção do polilogismo. O polilogismo nazista afirmava que a mente era condicionada pela raça. A inferioridade do não-ariano era resultado da sua natural incapacidade - sua mente era limitada e o induzia a imundice intrínseca a sua existência - de compreender a verdadeira realidade, realidade essa que era conhecida em sua essência pelos arianos. De onde o nazismo tirou essa idéia? Do comunismo. O comunismo fazia a mesma análise polilógica, só que ao invés de raças eram classes. A burguesia só reproduzia opressão e alienação porque era condicionada a criar desigualdades e representar os interesses do Capital. Ambos os regimes não refutavam idéias, mas pessoas. O mais engraçado era que Hitler tinha sangue judeu e Marx era burguês, filho de um advogado, descendente de importantes rabinos, casado com uma baronesa, primo do fundador de uma das maiores Companhias do mundo; a Philips, e amigo de um industrial! Enfim, o mesmo polilogismo, a mesma superstição não-científica que apenas justificava, de um lado, o racismo e, do outro, o imaginário de que o proletariado tinha a incumbência de realizar a revolução redentora, aquela que criaria o Novo Homem e libertaria as mentes.
O nazismo não se enxergava como um sistema totalitário e genocida, mas sim como uma ferramenta de evolução social, se baseando em compreensões biológicas e antropológicas totalmente submersas na alienação ideológica. Se o nazismo é condenado por seu histórico genocida porque neonazistas não podem afirmar que se tratava de um "nazismo real" e continuar a sustentar suas falácias? Os comunistas não mataram 100 milhões e mesmo assim não conseguem continuar na vida política moderna por meio desses malabarismos teóricos?
A esquerda européia apoiou Hitler, Bernard Shaw, socialista britânico de grande destaque, foi além ao defender o extermínio em massa - "Eu apelo aos químicos descobrir um "gás humano" que matará instantaneamente e sem dor. Que seja mortal, mas humano, não cruel". A URSS incitou os partidos comunistas para que impedissem os movimentos de resistência anti-nazista na Europa ocidental. Ademais, estimulou a aliança com os invasores alemães; "É reconfortante ver prisioneiros-trabalhadores falando com soldados alemães como amigos. Nas ruas ou nos cafés de esquina. Muito bem, camaradas, continuem assim! Mesmo que isto desagrade a classe média a irmandade dos homens não permanecerá para sempre na nossa esperança, irá transformar-se numa realidade viva" - Partido Comunista Francês. Entretanto, muitos socialistas, posteriormente, se opuseram ao nazismo; ele era exageradamente nacionalista, a luta não era de classes, mas de raças.Burgueses não eram eliminados por serem burgueses, a burguesia não tinha cor, raça, religião, a burguesia era judaica, alemã, eslava, católica, protestante. O erro nazista não era o extermínio em massa, mas transformar a Luta de Classes em Luta de Raças, darwinismo social.
Não obstante, a aversão de nacional-socialistas e soviéticos a raças e etnias sempre foi muito clara. Marx chegara a dizer que "As classes e as raças, fracas demais para conduzir as novas condições da vida, devem deixar de existir. Elas devem perecer no holocausto revolucionário". Engels ainda completou ao afirmar que alguns povos eram "lixo racial", os extermínio dessas etnias era necessário já que se tratava de culturas que estavam dois estágios atrás na luta histórica, o que tornava impossível trazê-los ao nível de revolucionários; bascos, bretões, escoceses e sérvios. Além disso, tanto Marx quanto Engels, odiavam eslavos, viam como povos imundos e, talvez pela herança germânica, nutriam uma tenra oposição a Polônia.
O nazismo, na verdade, aprendeu com o comunismo. Vejamos. Em um ano a URSS matou 7 milhões de ucranianos de fome, uma fome estrategicamente construída por meio do confisco de grãos, fechamento de fronteiras, isolamento das cidades. Enquanto milhões morriam na província rebelde a exportação de alimentos crescia; o Ocidente consumia os grãos produzidos pelos homens fadados a morrer, muitos, inclusive, sendo enterrados vivos; "a terra se mexia". A primeira carnificina, o primeiro extermínio em massa da Segunda Guerra, começou com os soviéticos fuzilando reservistas poloneses. Ainda é pertinente lembrar das quotas estipuladas pelo comando central da URSS; cada chefe da polícia tinha um número de mortos a cumprir; 2 mil, 3 mil, 7 mil. O mais assustador era que todos queriam o aumento das quotas; todos queriam mais mortes. O famoso Kruschev pediu para que se ampliasse a sua de 8 mil para 17 mil! Quanta humanidade! Heróico Soljenitsin que nos descreveu com maestria essa triste realidade soviética; mortes aleatórias, deportações sem motivo, extermínio banais.
A política de terror, que depois tornou célebre a SS, já havia sido instituída décadas antes pela NKVD e pela KGB, por Lênin - "Enforquem ao menos 100 kulaks, executem os reféns, façam de uma tal maneira que num raio de quilômetros as pessoas vejam e trema". Quando os nazistas ainda construíam intelectualmente sua ideologia nacional e socialista, na União Soviética homens e mulheres eram mortos, torturados, sucumbiam de fome, eram enterrados em valas comuns. Ademais, a NKVD ajudou na estruturação da SS, inclusive os "famosos" campos de concentração da Alemanha Nazista foram copiados baseando-se nos já rodados Gulags soviéticos. O intercâmbio entre ambas as polícias sempre foi muito forte.
A aliança com a Alemanha custou a vida de muitos judeus russos que foram perseguidos e presos, inclusive o Ministro Soviético Litvinov, que era israelita, foi destituído do cargo; sua figura era imprópria, impedia a amistosa relação entre ambos os regimes. Ainda é pertinente frisar que os judeus que fugiram da Alemanha Nazista, acreditando que a URSS era inimiga do fascismo, foram reunidos pelo exército vermelho e mandados de volta para a Gestapo, como um gesto de amizade. Quanta delicadeza; "A Alemanha e a Rússia [bolchevista] se completam de maneira maravilhosa. Elas são feitas verdadeiramente uma para a outra" - Hitler
Nazistas e soviéticos mantinham uma aliança muito estreita, não só política, mas ideológica. Ambos os regimes acreditavam na necessidade do Novo Homem, entretanto, nazistas embebiam sua fundamentação ideológica no caráter nacional, daí "nacional-socialistas"; "o Nacional Socialismo é um socialismo em devir" (Hitler); acreditavam na Alemanha como propulsora e motor da sociedade renovada, evoluída e transformada - "Nós temos que criar o Novo Homem! E uma nova forma de vida deve surgir" - Hitler. Dr. Goebells, então Ministro da Propaganda Nazista, disse "O movimento nacional-socialista [nazista] tem um só mestre: o marxismo", ainda foi além ao falar que Hitler e Lênin deveriam ser comparados e que o embalsamado líder soviético só ficava atrás do genocida alemão quando se tratava de "grandes homens". De acordo com ele a diferença entre o nazismo e o comunismo era muito pequena. Tamanha simpatia foi devolvida pelo Primeiro-Ministro Soviético, Molotov, que se encontrou com Hitler, no início das incursões militares de ambos os países, para tratar do mundo pós-guerra, dos territórios do interesse da URSS. Molotov alertou o Ocidente para não lutar contra a ideologia nazista, indo além ao falar que se levantar contra o nazismo era uma atitude criminosa. Hitler já dizia; "Aliás, existem entre nós [nazistas] e os bolchevistas mais pontos comuns do que há divergências"
Nazistas e comunistas dividiram a Europa! Enquanto a Alemanha invadia a Bélgica, Luxemburgo e a França, a URSS tomava a Polônia, Lituânia, Estônia, Letônia e Finlândia. O bombardeamento de Helsinque custou a expulsão da União Soviética da Liga das Nações. Só restou ao regime comunista um aliado; Hitler. Esse aliança decretou o destino do continente. A URSS ajudou diretamente na invasão nazista da Noruega, cedendo bases navais; "A amizade entre a URSS e a Alemanha Nazista foi selada por sangue" - Stálin. Além disso a URSS se tornara a principal mantenedora da máquina de guerra nazista, exportando para a Alemanha ferro, combustível, material de construção, grãos - enquanto seu povo morria de fome, literalmente.
A Alemanha ainda fazia limpeza étnica nos países invadidos. A URSS mantinha a mesma estratégia genocida nos Bálcãs, expulsando lituanos, estonianos e letões, todos mandados para a Sibéria onde morriam de tanto trabalhar; "O trabalho é um honra", dizia a frase de boas-vindas nos Gulags.
Roosevelt considerava a URSS uma potência do Eixo, na verdade a aliança dos soviéticos com os alemães era tão clara que os grandes líderes mundiais não pensavam duas vezes ao constatar esse pacto comuno-nazista. Entretanto, ao mesmo tempo em que a União Soviética invadia países com nomes estranhos e em regiões longínquas, o exército de Hitler marchava sobre as nações do Ocidente; Hitler era um inimigo presente, Stálin um problema futuro. Enquanto os comunistas massacravam ucranianos, poloneses, tártaros, lituanos, russos etc, as nações do Oeste, no máximo, estampavam nas capas dos jornais fotos de crianças raquíticas e de corpos em valas, nada de protestos, embargos, intervenção armada, caminhadas, artistas compondo letras ou fazendo festivais de músicas em defesa da liberdade. Já Hitler se lançou contra as grandes cidades européias; ele precisava ser detido. A URSS apenas se adaptou as novas necessidades, se antes a aliança com Hitler era sinal de espólios territoriais no futuro, a traição e o levante anti-nazista, pelos soviéticos, apenas adiantaria o triunfo bolchevique em grande parte da Europa. Isso foi o que, de fato, ocorreu; a União Soviética declarou guerra a Alemanha Nazista e, com a derrota de Hitler, estendeu a fronteira da sua influência, fincando a Foice e Martelo até o centro da Europa! Graças a política britânica, todos os crimes, extermínios e genocídios cometidos pelos soviéticos entraram na conta da vitória aliada, eram justificados e defendidos, mesmo que essas mortes tenham sido antes da guerra e unicamente de civis inocentes!
Enquanto o mundo chora, cria memoriais, estátuas em honra aos mortos pelo regime nazista, as vítimas dos comunistas soviéticos continuam anônimas, perdidas em valas comuns, desconhecidas e na sombra de uma ideologia que ainda apaixona. Essas silenciosas mortes são esquecidas em nome da honra da Rússia moderna; os arquivos são escondidos edestruídos. O nazismo foi criminalizado por ter matado, ao longo da Segunda Guerra, seis milhões de judeus; só num ano a URSS matou de fome sete milhões de ucranianos! Por que ainda temos que ver a Foice e Martelo sendo ostentada com orgulho nas camisas e estampas de jovens no Ocidente? Por qual motivo a ideologia marxista, que alimentou Hitler – "Eu aprendi muito do marxismo, e eu não sonho esconder isso" – e Lênin, continua sendo tão bem aceita mesmo carregando milhões de corpos? A Verdade deve triunfar!
Quem precisa dos Cavaleiros do Apocalipse - Peste, Guerra, Fome e Morte - quando ainda perdura no mundo a utopia comunista?

Fontes: Livros de Pipes, Soljenitsin, Besançon, Carr, Wilson, Von Mises, Hayek etc, e o documentário The Soviet Story.
http://www.acarajeconservador.blogspot.com/

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