Para custear socorro, Fed imprime
dinheiro, e déficit público cresce.
Folha de São Paulo - Dinheiro
DE WASHINGTON
Com a persistência da crise e a ausência de resultados duradouros nas ações do governo norte-americano, a cada dia se vê nascer um pacote de valor maior que o anterior. Foram US$ 700 bilhões em setembro, US$ 306 bilhões comprometidos apenas para o Citibank anteontem, US$ 800 bilhões prometidos ontem. A corrida aos cofres públicos começa a preocupar analistas e pede a pergunta: de onde virá o dinheiro?Para pagar a conta, o Fed, o BC norte-americano, usa um dos recursos mais antigos dos livros de economia: imprime notas -figurativamente, é claro, uma vez que as transações são eletrônicas. Faz isso autorizando o aumento de seus ativos e sem temer a conseqüência imediata da medida, que é o surto inflacionário. É que a economia norte-americana corre o risco de deflação, conforme mostrou o índice de preços ao consumidor de outubro, que teve sua maior baixa desde 1947.A informação não é confirmada oficialmente -o BC americano pode fazer isso sem pedir autorização ao Congresso-, mas é um segredo de polichinelo nos meios econômicos. "O Fed não assume, mas eles estão imprimindo dinheiro", disse à Folha Simon Johnson, do MIT. O plano de US$ 800 bilhões será garantido principalmente "pela impressão de quantias de dinheiro sem precedentes, o que eventualmente criará pressões inflacionárias", escrevia ontem a versão on-line do "New York Times".Além disso, o déficit público, que faz parte da dívida pública do país, vem aumentando em níveis igualmente recordes. Ao assumir o governo, em 2001, o republicano George W. Bush herdou do democrata Bill Clinton (1993-2001) um superávit de US$ 127 bilhões, que transformou em déficit de US$ 159 bilhões já no ano seguinte, por conta do 11 de Setembro.Oito anos depois, passará a Barack Obama um déficit de US$ 454,8 bilhões, pelos números do ano fiscal de 2008, encerrado em 30 de setembro, o que já é um recorde histórico. Mas o mais provável é que esse valor já esteja perto do trilhão quando o democrata assumir a Casa Branca, em 20 de janeiro.Isso aumentará a dívida pública. Hoje, o governo deve US$ 10,6 trilhões -o total de riquezas produzidas pelos EUA em um ano é de US$ 13,8 trilhões; o do Brasil, US$ 1,4 trilhão. Para ajudar a fechar as contas, vende a instituições estrangeiras "treasuries", os títulos da dívida pública, ainda hoje considerados os papéis mais seguros do mercado global.O problema é que muitos países estão diminuindo sua exposição a esses títulos ou reduzindo o ritmo de suas compras. Com uma exceção: a China. Em setembro, ultrapassou o Japão pela primeira vez como maior credor externo dos EUA. Dos últimos seis meses, a China aumentou o valor de "treasuries" que detém em quatro deles; desde 2005, dobrou a quantia, para os atuais US$ 585 bilhões."A pergunta é: qual a alternativa?", disse James Horney, diretor de política fiscal federal do Center on Budget and Policy Priorities, de Washington. "Se o governo não se mexer para estimular a economia, o resultado poderá ser pior." (SD)
sexta-feira, 28 de novembro de 2008
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