Reflexos da crise financeira mundial na vida do cidadão comum.
Por:Juliana Mancini Henriques
A crise na economia que se iniciou nos Estados Unidos e já se alastrou pelo mundo, vem sendo noticiada como a pior crise desde 1929. Grandes bancos americanos quebraram ou foram comprados por outros devido à crise imobiliária que era um dos importantes sustentáculos da economia daquele país.
As bolsas de valores de todo o mundo operaram em baixa na semana passada, tendo em vista a desvalorização de ações de grandes empresas. No Brasil, a Bovespa chegou a interromper os negócios por meia hora por conta das quedas excessivas na sexta-feira passada.
A crise chegou ao Brasil com o aumento do dólar, a diminuição de investimentos estrangeiros, a diminuição da exportação, enfim, alcançou todos os setores da economia. Parece que o pior já passou. Parece. O G7 e os EUA lançaram planos para apoiar os bancos em dificuldades e possibilitar o empréstimo entre as instituições financeiras.
Nesse contexto global, o cidadão comum pode estar se perguntando em que medida esse crise o afetará. Pois bem. Em primeiro lugar é preciso esclarecer o que é a taxa Selic. A taxa Selic (Sistema Especial de Liquidação e Custódia) é um sistema em que são registradas todas as operações de débitos e créditos feitas apenas entre bancos e demais instituições financeiras credenciadas. Essa taxa serve de referência para o cálculo de todas as outras taxas de juros do país. Reflete, basicamente, as condições instantâneas de liquidez no mercado monetário (oferta x demanda por recursos financeiros).
Com a crise bancária instaurada, é provável que a taxa Selic aumente e conseqüentemente haverá aumento das demais taxas de juros, vez que a oferta por recursos financeiros está menor que a demanda.
Assim, aquele consumidor que compra um eletrodoméstico ou automóvel parcelado, por exemplo, certamente pagará mais juros. Em primeiro lugar porque muitos componentes daquele produto/veículo ou até o próprio produto/veículo vem do exterior e são negociados em dólar com as empresas brasileiras. Com o dólar mais alto, os custos são repassados aos produtos e quem paga é o consumidor final. Em segundo lugar porque para financiar um produto a empresa (loja/supermercado/hipermercado/concessionária) recorre aos bancos, vez que somente os bancos tem autorização legal para cobrar juros acima de 1% (um por cento) ao mês. Com a crise bancária, os juros estão mais altos e, portanto, o financiamento mais caro.
A mesma coisa acontece no setor imobiliário. Quem compra apartamento na planta acertou determinado valor com a construtora, porém, quando o imóvel for entregue, o pagamento passará a ser através de instituições financeiras e certamente não poderá ser mantido o valor anteriormente acordado com a construtora em razão da crise, ou seja, os juros passarão a ser maiores. Grandes bancos já anunciaram o aumento em sua taxa de juros para financiamento de imóveis. O Bradesco passou de 9% a 10,5% ao ano a taxa para imóveis até R$120.000,00. O Itaú alterou de 9% para 12% o teto dos juros e o Unibanco passou de 11% para 12% mais TR.
Há que se ter atenção com a TR – Taxa Referencial. A TR é uma taxa de juros calculada com base na taxa média mensal ponderada ajustada de 30 instituições selecionadas. Os recursos para financiamento de imóveis a consumidores são captados através de saldos de cadernetas de poupança (reajustada pela TR), CDB’s dentre outros e a falta de liquidez do mercado dificulta as movimentações e transações e acaba por influenciar no aumento da TR.
Portanto, é fácil verificar os reflexos da crise financeira mundial na vida do cidadão comum, posto que desde a sua movimentação bancária até a compra de qualquer produto há incidência de taxas bancárias e juros que foram diretamente afetadas pelo colapso econômico.
terça-feira, 28 de outubro de 2008
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